teologia para leigos

19 de dezembro de 2011

ALEMANHA - COVEIRA DE 50 ANOS DE ESTADO SOCIAL





Austeridade sem fim e sem fundo

Já muita gente o disse e é uma verdade indesmentível: a Europa está numa situação decisiva em que estão à sua frente decisões sobre caminhos que condicionarão o futuro de todo o projecto europeu.

Tal como eu os vejo – e com risco de simplificar exageradamente a questão – esses caminhos podem agrupar-se em duas grandes alternativas: (1) ou caminhamos para uma Europa dominada pelas teses alemãs da austeridade permanente, a incidir em particular sobre os países do Sul do continente; (2) ou reencontramos o caminho para uma Europa de todos, estados e cidadãos, que se atribua a si própria, como prioridades, a criação de empregos e a preservação e aperfeiçoamento do modelo social europeu.

Convém, em primeiro lugar, salientar que estas duas Europas ou, se quiser, estes dois caminhos, são incompatíveis entre si.

A predominância das teses alemãs irá, em última análise, destruir a própria paz na Europa, afundando um trabalho de mais de cinquenta anos em prol de esbatimento pela negociação e cedências mútuas. Como irá, a prazo porventura ainda mais breve, destruir o modelo social europeu e criar as condições propícias à emergência da pseudo-soluções fascizantes com consequências imprevisíveis sobre tudo o que tem constituído a moderna civilização europeia.

Pelo que fica dito, o segundo aspecto que interessava salientar tornou-se óbvio: é que rejeito as teses alemãs e faço-o sem qualquer reserva. Mais: julgo que essa rejeição é necessária ainda que possa trazer no imediato algumas perturbações.

Mas para se rejeitar o primeiro caminho é necessário ter uma noção mais clara sobre se o segundo caminho é efectivamente possível e quais as condições que deverão ser asseguradas para que ele se torne viável.

É o que faremos de seguida.»(…)

João Ferreira do Amaral
Economista, Professor catedrático do ISEG-UTL

CONTINUA:

A ALTERNATIVA
O COMÉRCIO MUNDIAL
AS QUESTÕES FINANCEIRAS
AS QUESTÕES MONETÁRIAS

[Excerto de «Os dois caminhos – Austeridade sem fim e sem fundo», in Le Monde Diplomatique, edição portuguesa, Dezembro 2011, p.24]