teologia para leigos

4 de agosto de 2011

BENTO XVI - TEOLOGIA ANTIGA, LATINA & MEDIEVAL

PARADIGMAS DO PAPA ACTUAL
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O que aconteceu a seguir à Idade Média interessa, a Joseph Ratzinger, não por se tratar de uma evolução frutuosa, mas enquanto período nocivo de um desenvolvimento erróneo e como etapa do declínio do Ocidente. Para ele, a Reforma protestante é o começo do distanciamento face ao «cristianismo dos Padres» [da Igreja]. Na lição Magistral de Ratisbona, em 2006, caracteriza-o de forma negativa, ainda que elegantemente, como «des-helenização», quando, em realidade, representa uma reforma da Igreja Papal medieval e decadente através dum regresso ao Evangelho.

E, o que é especialmente paradigmático da sua visão do mundo, face à Modernidade, à filosofia moderna, à concepção secular da sociedade e do Estado adopta um espírito polemizante. A seu ver, há apenas uma «ilustração» verdadeiramente aceitável: a da Grécia clássica. Aceita a apresentação da mensagem procedente do espaço semítico sob ou com uma roupagem grega como se de uma providência divina se tratasse, de modo que deixa de ser necessário ou legítimo qualquer outro tipo de roupagem ou apresentação exterior. A seu ver, a Ilustração secular dos séculos XVII e XVIII, fruto em parte de uma Igreja que se havia deixado amarrar, é inaceitável. Naquela Lição Magistral de Ratisbona, em que declara o «helenismo» norma de todo o autêntico cristão, a Ilustração é desqualificada do modo o mais claro possível com o uso da expressão «des-helenização». Para ele, mesmo já durante a sua actividade como Papa, no essencial, a Modernidade significa – após o suposto distanciamento, face à Igreja, propiciado pela Reforma – distanciamento face a Cristo, logo face a Deus e, por último, face ao ser humano, como lhe parecem ser demonstrativas as catástrofes da Idade Moderna, que este teólogo da Igreja Antiga contempla com estupefacção.

Igualmente horrorizado deve ter contemplado – como consequência, digamos, deste desenvolvimento – o que se passou em Tubinga durante as revoltas estudantis de 1968, as quais só corroboraram, a seu ver, a sua visão pessimista do mundo.

É aí que experimenta «pela primeira vez, por assim dizer, uma mudança radical na vida estatal e eclesial, a revolta estudantil e as suas ressonâncias intra-eclesiais», como ele mesmo escreve, à mão, em Fevereiro de 1977, no Livro de Honra da Faculdade de Ratisbona (pode consultar-se, pela Internet, a documentação oficial da dita faculdade de teologia católica).

Não!
Nesse sentido, Joseph Ratzinger não mudou. Nenhuma injustiça se lhe faz ao afirmar-se: ‘simplesmente, deixou-se ficar ancorado’! Quis ficar ancorado: na Igreja e na teologia latinas, antigas e medievais, tal como ele as conhecera e aprendera a amar nos seus estudos sobre S. Agostinho e São Boaventura, tal como aquando da sua ascensão pelo poder hierárquico acima.




O teólogo Joseph Ratzinger pouco contribuiu para a evolução da teologia, nem sequer com o seu livro sobre Jesus. Também não era essa a sua pretensão. Nessa medida, ele tem razão quando afirma que quem mudou não foi ele, mas eu. De facto, eu não queria deixar-me amarrar, mas avançar.

Hans Küng


[‘Verdad Controvertida - Memorias’, Hans Küng, Ed. Trotta, 2009, p 189-190]



JMJ - A «fé eufórica»: ratoeira com pele de 'pneuma'...


Vide JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE, Madrid 2011


 A exploração da «figura mitológica»: uma espécie de Zeus desce do céu (avião) e aproxima-se dos humanos (João Paulo II beijava o solo…).

A aceitação da «figura de Estado» - recebido em 1º lugar pelos Grandes das Nações.

A conivência com a expressão «Papa do pensamento» - todo o mundo e toda a Igreja são incapazes de pensar… Toda a gente é burra! Só o Papa pensa!

A marginalização dos outros Bispos: figuras colaterais.

A pobreza de ideias e de conteúdos dos discursos de Bento XVI em contraste com o rigor do traje exigido a todas as freiras e todos os padres.

O regresso aos velhos ritos: a retoma da comunhão de joelhos e na boca, a confissão individual auricular, a exposição pública da Hóstia, a Via-Sacra nas grandes avenidas, a exploração morbidó-fetiche do símbolo da Cruz como objecto sagrado e fundamentalista, etc.





A escolha duma «espiritualidade afásica, de extremos»: ‘intimista’ & ‘eufórica’.

Regresso a Trento e a Vaticano I: 'Rezar por' em vez de 'Rezar com'...


O uso das técnicas de psicologia de massas em ordem a criar uma imagem de triunfalismo, em chave de ‘enfrentamento’ («estamos aqui para que vejam que são muitos os que crêem em Cristo»).

O uso do espaço politico-militar para reunir os cristãos e aí falar da paz e do amor.


JMJ - «envio em missão» & restauracionismo...


O não acolhimento dos que não são cristãos - «função sacerdotal», «sagrada» -, mas a paradoxal conivência com a expressão «somos a juventude do Papa» (para a fama dos deuses gregos também era importante o número de filhos que geravam no género humano…).

A insistência no celibato e na não ordenação de mulheres: (1) algo «inevitávil», «escândalo com seu lado positivo»; (2) uma «vontade do Senhor em relação a nós, à qual nos mantemos fiéis», «há em Roma, por exemplo, uma Igreja na qual não aparece nenhum homem em todas as pinturas do altar».

A insistência na ‘condenação do mundo’: «amnésia de Deus», mundo do «pragmatismo», «desagregação gradual do ocidente» etc.


JMJ - a ambivalência dos símbolos...